A obra apresenta humor e criatividade ao mesmo tempo o uso
dos provérbios brasileiros aproximando a língua escrita ao modo de falar. Ao
nascer, o protagonista já manifesta sua característica principal, a preguiça,
algo depreciativo sob a ótica dos europeus em relação a nossa origem. Por outro
lado, nos traz duas linhas de questionamentos: a primeira trata da figura
do “herói sem caráter” que conduz seus atos movidos pelo prazer mundano e
terreno, enquanto a segunda nos proporciona, no personagem Macunaíma, o
nacionalismo critico e a reflexão do que é ser brasileiro na figura de um
índio.
Assim, vejo como uma obra que
busca sintetizar o caráter brasileiro, possibilitando fazer uma leitura que o
povo brasileiro não tem traços distintivos definidos, sendo que naquela
época já se fazia uma alusão aos tempos atuais.
Ao analisar o filme é
importante fazer uma ponte para entendermos sob a ótica da educação, onde cabe
destacar a importância de saber das nossas origens para entender e trabalhar a
questão educacional na atualidade, tal processo deve ser pautado na origem
cultural de cada grupo ou povos. No viés dessa colocação temos Durkeim e
Paison, ao afirmar que educação não é um elemento para mudanças sociais,
ao contrário, é um elemento fundamental para a conservação e funcionamento do
sistema social. Para Dewey e Mannheim, o processo educacional visa modificar o
comportamento das pessoas e desta maneira produzir mudanças sociais.
Penso que o processo educacional e o cultural andam atrelados, pois não há
que ser falar no primeiro e desprezar o segundo – um justifica a conduto do
outro.
Para vivermos
democraticamente em uma sociedade multicultural, é preciso respeitar os
diferentes grupos e culturas que a constituem. A sociedade brasileira é formada
não só por diferentes etnias, como, também, por imigrantes de diferentes
países. Além disso, as migrações colocam em contato grupos diferenciados.
Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante
diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos sociais e
culturais muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação.
O grande desafio da escola é
reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a
conhecer a riqueza representada por essa diversidade etnocultural que compõe o
patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo
de discriminação e valorizando a trajetória dos grupos que compõem a sociedade.
Pela educação pode-se
combater, no plano das atitudes, a discriminação manifestada em gestos,
comportamentos e palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. Contudo, ao
mesmo tempo em que não se aceita que permaneça a atual situação, da qual a
escola é cúmplice ainda que só por omissão, não se pode esquecer que esses
problemas não são essencialmente do âmbito comportamental, individual, mas das
relações sociais, e que como elas têm história e permanência.
REFERÊNCIAS:
NOÉ, Alberto. A Relação
Educação e Sociedade: Os Fatores Sociais que Intervêm no Processo Educativo. Revista Avaliação. Universidade de
Campinas. Campinas, vol. 5. Setembro, 2000.
CANDAU, Vera Maria Ferrão. Sociedade, Cotidiano Escolar e Cultura(s): Uma aproximação. Educação & Sociedade, ano XXIII,
n o 79, Agosto/2002.
MACUNAÍMA. Filme de Joaquim Pedro de Andrade- 1969. Disponível no
YOUTUBE.